O que são as DAO – Decentralized Autonomous Organization?

2 Fevereiro, 2023

Serão as Organizações Autónomas Descentralizadas a próxima revolução do mercado de trabalho? 

 

As Organizações Autónomas Descentralizadas, ou DAO – Decentralized Autonomous Organization, são uma tendência que veio para ficar. Motivadas pela necessidade de flexibilidade que a pandemia trouxe para o mercado de trabalho, as DAO apresentam-se como uma alternativa às empresas tradicionais e já estão a ganhar muitos adeptos junto da Geração Z 

Por Sara Moutinho Lopes 19 de Janeiro, 2023 em RH Magazine 

 

A transformação digital é um tema que já está em agenda há vários anos. Mais do que automatizar processos e agilizar o dia-a-dia corporativo com recurso à tecnologia, muitas empresas, por todo o mundo, estão também a adaptar o próprio posto de trabalho e a revolucionar a forma como as operações diárias são realizadas. 

 

Tecnológica, flexível e livre, a geração Z está a ser um dos principais motores desta digitalização do posto de trabalho. De acordo com o Grupo Adecco Global Workforce of the Future, quase metade (46%) dos profissionais da Gen Z acreditam que o Metaverso se tornará parte do seu trabalho no futuro e, talvez ainda mais importante, esta geração quer trabalhar no Metaverso. 

 

“As gerações mais jovens estão mais alinhadas com um modelo de trabalho pautado pela flexibilidade”, explica Joana Filipa Almeida, Team Leader IT, Adecco Recruitment. “É uma geração com necessidade de se afirmar, de ser dona de si, de tomar as próprias decisões, por não se rever nos modelos políticos e empresariais atuais”. 

 

Face às exigências desta nova geração de mão-de-obra, oferecer benefícios como o trabalho híbrido já não é suficiente. A somar a esta necessidade de flexibilidade, o facto de poderem ter uma redução de custos muito elevada ao trabalharem de forma descentralizada, muitas empresas começaram a investir em tornar o seu modelo de trabalho online-based.   

 

Organizações Autónomas Descentralizadas
Organizações Autónomas Descentralizadas

Decentralized Autonomous Organizations (DAO). O que são e como vão revolucionar o mercado laboral?

 

É por força desta disrupção que surgem as Organizações Autónomas Descentralizadas, ou DAO – Decentralized Autonomous Organization. “As DAO podem ser explicadas com a necessidade de autonomia no trabalho e flexibilidade, aliada à crescente digitalização dos negócios”, explica Joana Filipa Almeida, Team Leader IT, Adecco Recruitment.  

 

Embora as Organizações Autónomas Descentralizadas ainda sejam pouco familiares como conceito, 67% dos trabalhadores da geração Z já trabalharam ou estão a considerar fazê-lo, e a sua sua popularidade está a crescer: em 2021 passaram de 13 mil para 1,7 milhões de pessoas em todo o mundo. 

 

 “As DAO são como que uma materialização desta tendência de autonomia e flexibilidade no mundo do trabalho, aliada a uma geração altamente tecnológica que não se revê nos modelos de trabalho hierarquizados, e que começa a ter peso no mercado global”, refere  Joana Filipa Almeida. 

 

Apesar de estarem a assumir uma posição de destaque a nível mundial, a Team Leader IT da Adecco acredita que ainda é cedo para denominar as DAO de uma disrupção no mercado. 

Particularmente em Portugal, onde muitas empresas que, por força da pandemia tinham assumido modelos de trabalho híbridos ou de teletrabalho, regrediram aos modelos 100% presenciais, as DAO ainda não têm qualquer expressão no mercado.  

 

“Sabemos que as empresas têm muito para evoluir e que claramente deve haver uma grande aposta na formação, desde as lideranças à força de trabalho, passando pelos quadros intermédios, que muitas vezes acabam esquecidos”, comenta Joana Filipa Almeida. 

A responsável acredita que, apesar de as Organizações Autónomas Descentralizadas não terem potencial para mudarem o padrão laboral em Portugal, trazem consigo lições valiosas aos empregadores e poderão influenciar a forma como estes se transformarão no futuro. 

 

“As DAO são uma fonte de inspiração para modelos de negócio mais flexíveis e autónomos, recorrendo à tecnologia, nomeadamente à Inteligência Artificial e à análise de dados, como um ponto de apoio à força de trabalho. Tal permite às organizações investir numa relação mais humanizada e empática com as suas pessoas de forma a proporcionar-lhes um quotidiano com maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, podendo ajustar benefícios tailor made para que se sintam satisfeitas e confortáveis nas suas posições e que desejem permanecer nelas. Nesta medida, podem ser um catalisador da retenção de talento”, refere Joana Filipa Almeida. 

 

A responsável aponta a necessidade cada vez mais premente de as empresas estarem atentas às necessidades dos seus colaboradores e evoluírem em conjunto com o próprio mercado, para se manterem competitivas tanto do ponto de vista do negócio, mas também em relação à captação e retenção de talento. 

 

Joana Filipa Almeida deixa, assim, 3 conselhos às empresas, nesta fase particularmente desafiante do mercado laboral: “Ter mente aberta, sem receio do futuro, o que passa por analisar os aspetos dos novos modelos de trabalho que podem impactar positivamente, desde que adaptáveis, os seus modelos de negócio. Que [as empresas] ‘olhem para dentro de casa’, ‘oiçam’ a sua força de trabalho e se unam em prol de um objetivo comum. E, por fim, que estabeleçam de forma clara valores em linha com os desafios do futuro, que passam pela economia verde ou transição digital (para quem ainda não a fez) e invistam mais nas suas pessoas, dando-lhes formação, criando uma bolsa de talento interno, o que lhes permite estar menos dependentes da captação de talento externo”. 

 

fonte: RH Magazine