Investir nas Pessoas é a Chave da sustentabilidade

31 Maio, 2021

Competências para a Economia Verde

O Grupo Adecco defende que no topo das prioridades das empresas deverá estar a qualificação e requalificação dos recursos humanos.

Sem o desenvolvimento de competências adequadas na transição para a Economia Verde, estima-se que a economia global poderia perder até 71 milhões de postos de trabalho no seu movimento para se tornar circular. O Grupo Adecco defende, no seu mais recente estudo “Competências para a Economia Verde”, o papel que o capital humano e as competências desempenham na concretização de uma mudança sustentável. Para conhecer o estudo completo do Grupo Adecco, aceda ao link: http://bit.ly/skillsforgreeneconomy

 

As alterações climáticas são reais. Mas qual a melhor forma de mitigar os impactos negativos esperados nos mercados de trabalho e transformá-los em oportunidades para o futuro? A resposta reside nas competências e na requalificação. No estudo “Competências para a Economia Verde”, o Grupo Adecco indica como as competências podem impulsionar a transição para uma economia mais sustentável, tão urgente e necessária, e delineia ações que podem e devem ser tomadas para mitigar os impactos negativos nos mercados de trabalho.

 

DESAFIOS DA TRANSIÇÃO VERDE

Para assegurar que a Transição Verde seja um sucesso, é necessário prestar mais atenção ao papel que o capital humano e as competências desempenham na concretização de uma mudança sustentável. As competências e o seu potencial são frequentemente negligenciadas na conceção de estratégias nacionais, em detrimento das empresas e dos trabalhadores.

Sem o desenvolvimento de competências, estima-se que a economia global poderia perder até 71 milhões de postos de trabalho no seu movimento para se tornar circular. Por outro lado, políticas inteligentes e investimento, na requalificação poderiam inverter esta perspetiva, de tal forma que só o setor energético poderia produzir um crescimento líquido de 18 milhões de postos de trabalho.

 

Assim, qualquer estratégia de transição bem-sucedida terá que ter em conta:

  • Mais de 1,47 mil milhões de empregos a nível mundial dependem de um clima estável, e que cerca de 85% de todos os empregos em 2030 ainda não foram inventados. O espaço para o desenvolvimento de competências não pode ser subestimado;
  • Ao eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, alguns setores serão mais afetados do que outros, particularmente as indústrias energética e automóvel;
  • Os consumidores mudarão o seu comportamento e as empresas terão de oferecer soluções social e ambientalmente sustentáveis para se tornarem prova de futuro;
  • Haverá uma mudança no sentido de produzir produtos mais sustentáveis e de oferecer serviços para prolongar a sua vida útil.

 

Os governos terão de se tornar inteligentes para enfrentar estes desafios. Ao elaborar as suas políticas, os decisores terão que em consideração:

  • As mudanças nas indústrias ocorrerão em diferentes geografias em diferentes momentos. Embora a perda de empregos possa ser instantânea, a criação de empregos será mais gradual. Para o efeito, os governos terão de proteger os trabalhadores e não os empregos;
  • Nem todos os empregos reaparecerão automaticamente nas mesmas indústrias em que foram perdidos. É por isso que é crucial manter a mobilidade e a flexibilidade do mercado de trabalho;
  • O investimento na força de trabalho não deve ser considerado um custo – em vez disso, o investimento no desenvolvimento da força de trabalho deve ser amortizável.

economia verde

Photo by Ralph Hutter on Unsplash

OPORTUNIDADES DA TRANSIÇÃO VERDE

Embora estes desafios não sejam de forma alguma fáceis de enfrentar, quando abordados adequadamente, podem conduzir a numerosas oportunidades para governos, empresas e indivíduos. Em termos mais gerais, políticas verdes inteligentes podem, entre outras coisas, conduzir a:

  • Mão-de-obra mais qualificada e ‘à prova de futuro’;
  • Mercados de trabalho funcionais com sistemas educativos sofisticados;
  • Sistemas de proteção social inclusivos.

 

As empresas, como entidades empregadoras, embora beneficiando das políticas verdes dos governos, devem ser eles próprios proativos. Deveriam:

  • Começar a cartografar os requisitos de aptidões e começar a requalificação e para se anteciparem;
  • Fazer do emprego sustentável e do investimento em competências a sua vantagem de marca para atrair os talentos certos e reter as competências certas para o sucesso futuro;
  • Promover outras formas de aprendizagem VET (Vocational Educational Training – Formação Profissional), nomeadamente em ambiente de trabalho para construir a sua própria reserva de talentos;
  • Promover a flexibilidade e alavancar a perícia da força de trabalho, colocando o indivíduo no centro da transformação.

 

Entretanto, os indivíduos são encorajados a fazê-lo:

  • Tornarem-se proativos e apropriarem-se do seu próprio conjunto de competências, procurando continuamente oportunidades de qualificação;
  • Abraçar a flexibilidade da carreira;
  • Compreender que as suas competências têm um prazo de expiração e que a aprendizagem ao longo da vida é um pré-requisito para melhorar a empregabilidade futura de cada um.

 

A qualificação e a Transição Verde não são, contudo, uma via de sentido único. Por um lado, a economia verde e a transição para um futuro mais sustentável terão, sem dúvida, impacto na procura de competências no mercado de trabalho. Por outro lado, é importante notar que sem as competências, qualquer progresso no sentido da transição verde seria impossível de começar. As competências e a Economia Verde moldam-se uma à outra. Ao abraçar o investimento em competências, todos os intervenientes podem contribuir para assegurar que a transição para a economia verde seja justa e que ninguém fique para trás. É por isso que é essencial para todos os interessados, incluindo governos, empresas e trabalhadores, colaborar num Novo Contrato Social e garantir que avançamos juntos – rumo a um futuro que funcione para todos.